domingo, 29 de março de 2009

HIENAL

Tarde de inverno... O sol já se avizinha
Do poente que se faz purpúreo, e lindo,
Se espalham sombras pelo azul infindo,
Enquanto nos jardins a flor definha.

O coração que a dor forte espezinha
Recorda o belo tempo que, já findo,
Deixou recordações, passou sorrindo,
Como um sonho de amor que foge, asinha,

A saudade então vibra, em nós perdura,
Ora amarga, ora plena de doçura,
A invadir-nos o ser, grande, infinita;

Saudade eu te bendigo! Entre os abrolhos
Da vida me acompanhas nos escolhos,
Favo de mel, travo de dor bendita!

F. Clotilde. A Estrella, Fev. de 1916.

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